Source: Africa Press Organisation – Portuguese
Após visita ao país, chefes da FAO, Ifad e PMA apontam que crises de alimentos, clima e insegurança causarão perda de vidas e meios de subsistência para milhões de pessoas; entidades enfatizam necessidade de transformar sistemas agroalimentares e capacitar comunidades.
O custo da falta de ação em lidar com as complexas crises de alimentos, clima e insegurança do Sudão do Sul será sentido na perda de vidas, meios de subsistência e futuros para milhões de pessoas em todo o jovem país.
A avaliação é dos líderes de três agências das Nações Unidas, a Organização para Alimentação e Agricultura, FAO, o Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola, Ifad, e o Programa Mundial de Alimentos, PMA.
Visita ao país
Eles fizeram o alerta após uma visita de três dias ao país. O diretor-geral da FAO. Qu Dongyu, o presidente do Ifad, Alvaro Lario, e a diretora-executiva do PMA, Cindy McCain, visitaram comunidades que lutam contra os efeitos de eventos climáticos severos.
Com a falta de infraestrutura, a situação humanitária no país fica ainda mais grave, afetando campos agrícolas e meios de subsistência agropastoris e desalojando comunidades.
A visita ocorre depois que o relatório da ONU sobre o segurança alimentar e nutrição constatou que mais 122 milhões de pessoas sofrem de desnutrição crônica desde 2019.
Segundo Qu Dongyu, a visita ao Sudão do Sul destacou que com ajuda humanitária, centro de desenvolvimento e suporte tecnológico seria possível transformar os sistemas agroalimentares.
Terras improdutivas
Já na avaliação do presidente do Ifad, o Sudão do Sul tem um grande potencial, com terras, água e uma população jovem. No entanto, apenas 4% das regiões estão sendo cultivadas.
Alvaro Lario avalia que a agricultura de subsistência pode ser transformada em pequena escala e ser produtiva, melhorando a nutrição da população.
A diretora-executiva do PMA acrescenta que apenas distribuir alimentos não é a resposta. Cindy McCain defende que as comunidades sejam capacitadas para plantar sementes de esperança, oportunidade e desenvolvimento econômico.
A emergência humanitária no Sudão do Sul é causada por uma combinação de conflito, clima e preços crescentes de alimentos e combustíveis.
A situação é agravada pelos combates no vizinho Sudão, que levaram mais de 190 mil pessoas a fugir pela fronteira para o Sudão do Sul, sobrecarregando ainda mais os já escassos recursos.
Ao mesmo tempo, sete em cada 10 pessoas no Sudão do Sul têm entre 18 e 35 anos e as taxas de desemprego juvenil estão em 50%, exacerbadas por baixos níveis de educação, habilidades limitadas e uma economia fraca.
Futuro
Durante a visita, os líderes das agências da ONU viajaram para Aweil, no norte de Bahr el Ghazal, onde conheceram membros da comunidade que foram impactados por eventos climáticos, incluindo enchentes e secas prolongadas. Os habitantes beneficiam de projetos da ONU para fortalecer a resiliência, mitigar os impactos dos eventos climáticos e aumentar a produção de alimentos.
Os chefes das agências também se reuniram com o presidente do Sudão do Sul, Salva Kiir, para discutir a colaboração contínua.
Um novo acordo de parceria de cinco anos também foi assinado para renovar a cooperação interagências, que permitirá aprofundar a colaboração e coordenação nos níveis global, regional e nacional para apoiar a conquista do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 2, que busca acabar com a fome.
Juntas, as agências cobrem um espectro de trabalho que vai desde respostas humanitárias a emergências e choques, até atividades de resiliência e desenvolvimento.
Sob o acordo, as três agências com sede em Roma trabalharão na transformação dos sistemas agroalimentares, nutrição, igualdade de gênero e empoderamento das mulheres, construção de resiliência, juventude e mudança climática.